quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Asas Há muito tenho guardado minhas asas para voar! sinto que o tempo passa tão desesperadamente que às vezes nem sei... por onde andas minhas asas que hoje tanto quero usar!
Quero o campo limpo e florido com árvores altas e frondosas árvores baixas com troncos retorcidos muito verde de fundo! águas correntes, cachoeiras... lagos e riachos! Sou luz, sou claro sou eu... incompreendida, fugidia não sei... O que eu quero nem sempre é o que querem. Saio de mim para tentar ser feliz!
Assim como as folhas e flores eu sou... soltos ao vento. Querem aprisionar-me, amarras invisíveis elos de correntes apertam meu ser, minha alma!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

sexta-feira, 18 de março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Fernando Pessoa....


O Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro

“Sou um guardador de rebanhos,
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.”

“Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?

Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?

Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.

Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira.
E a mentira está em ti.”
(Cantos IX e X, de “O Guardador de Rebanhos”, 1914)

Alberto Caeiro foi o primeiro heterônimo a surgir – e o único a morrer (de tuberculose) por obra do seu criador. Deixava confuso Fernando Pessoa, homem da cidade, exatamente por ter enorme apego ao campo, à natureza, a ponto de ter escrito um longo poema chamado “O Guardador de Rebanhos”. Mesmo assim, Pessoa o elegeu mestre dos heterônimos. Apoiada na experiência sensorial, sua poesia procura alcançar um ideal: desaprender o que foi aprendido para poder conhecer a si mesmo, ao outro e ao mundo.

Para saber mais sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos, leia a entrevista com Fernando Segolin, professor de Pós-Graduação de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP e “pessoano” por excelência

Um pouco de Fernando Pessoa...


O poeta é um fingidor, Fernando Pessoa (ele mesmo)

“O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”
( “Autopsicografia”; 1930)

Fernando Pessoa dizia de si próprio que era “... um outro, enquanto poeta, outro que usava seu nome, mas não era ele”. Aos amigos, quando perguntavam sobre a vasta (e diversa) produção poética, respondia “... eu não sou ninguém e sou todos eles”. Profundamente ligado à mãe e à pátria portuguesa, Fernando Pessoa não é um tipo melancólico, mas sim romântico. Consciente da musicalidade das palavras, chama os poemas assinados como Fernando Pessoa de “Cancioneiro”. Poeta de dimensão mística, o único livro que publicou em vida recebeu o nome de “Mensagem”, uma tentativa de narrar a História de Portugal a partir do lado oculto.

Para saber mais sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos, leia a entrevista com Fernando Segolin, professor de Pós-Graduação de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP e “pessoano” por excelência